Tempos Modernos
Segunda-feira, dia 11, começa uma novela que mostra a sensação de viver num universo múltiplo e dinâmico, que está em constante mudança por força da tecnologia. Essa é a matéria-prima de Tempos Modernos, que passará no horário das sete na Rede Globo.
Ambientada no centro de São Paulo, a história gira em torno de um homem que construiu um reinado bastante peculiar, formado por um edifício inteligente, “protegido” por câmeras de segurança que são controladas por um super computador.
E é neste prédio que acontece grande parte da novela que conta com autoria de Bosco Brasil, supervisão de texto de Aguinaldo Silva e direção artística de José Luiz Villamarim.
O Titã é um prédio fictício que seguiu à risca a arquitetura da fachada do cenário original, o Edifício Grande São Paulo, erguido na década de 70.
A novela acompanha a revolução tecnológica sem deixar de lado as relações humanas e explora as mais diversas formas de amar: entre pai e filha, irmãos, homem e mulher, amigos. As variáveis da paixão, com suas dores, seus excessos e suas inseguranças, dão tempero às histórias, rotuladas pelo autor como convergentes.
O relacionamento homem-máquina também será discutido. Uma das brincadeiras da novela é o computador que controla o prédio onde vivem e trabalham as peças-chave para o desenrolar das situações. Auto-irônica, temperamental e não muito avançada, essa máquina mexe com a vida das pessoas e deixa claro que a tecnologia não tem por princípio sufocá-las.
Para Bosco Brasil, o desconforto sentido à flor da pele nos dias de hoje não é decorrente desta realidade, quase virtual e cada vez mais high-tec. “Quem abre mão da humanidade é o próprio ser humano”, frisa o autor, que promete tomar partido do lado engraçado da interação entre homem e máquina.
Essa cômica novela também conta com vilões pra lá de high-techs. Um deles é Albano (Guilherme Weber) , o sinistro responsável pela segurança do edifício. Secretamente, ele controla as câmeras do prédio e usa diversos equipamentos tecnológicos para não perder um passo das pessoas que estão em seu foco de ataque. Um de seus aparatos tecnológicos ultramodernos são umas baratas espiãs (eca!! rs). O minúsculo robô, com a estranha aparência de um inseto, circula por diversos ambientes registrando conversas, segredos, encontros e discussões. O curioso bichinho ganha vida graças à computação gráfica.
A cenografia também utiliza recursos de computação gráfica para trazer parte de São Paulo até a cidade cenográfica da novela, construída no Rio de Janeiro. Durante as gravações na capital paulista, a equipe de produção captou inúmeras imagens de locais específicos do centro, para serem inseridas em áreas pré-definidas do cenário.
O olho que tudo vê
Ele se chama Frank, mas não é um monstro como o próprio nome sugere. Não se sabe muito sobre a sua história, apenas que é um computador temperamental, construído e instalado no coração do edifício, que se chama Titã. É ele quem controla diversas funções do prédio e ainda interage com os moradores. É quase um síndico onipresente. Quando menos se espera, lá está sua voz: questionando, consolando ou mesmo debochando das pessoas que vivem ou circulam pelos apartamentos e estabelecimentos comerciais. Em qualquer situação, Frank tem uma resposta pronta a ser disparada, não importa em qual direção.
O Titã é um desses edifícios inteligentes, com os mais avançados recursos tecnológicos que controlam desde a temperatura interna até a vigilância de tudo o que acontece dentro de suas paredes, com a ajuda de câmeras instaladas estrategicamente em determinados pontos. Claro, tudo de acordo com o funcionamento e humor de Frank. Composto por apartamento de diversos tamanhos e lojas comerciais, o Titã concentra num único espaço a modernidade e as memórias de uma construção que está na cidade há cerca de 40 anos.
Esse tal computador, o Frank, não é um equipamento dos mais avançados. Aliás, com seu gênio difícil, ele teme ser trocado por uma versão mais atualizada. Ninguém tem acesso a sua sala de controle, com exceção de Leal (Antônio Fagundes), com quem tem uma relação amigável, com pitadas de humor e emoção.
E a novela mal começou e as comparações já começaram.
Olho que tudo vê? (Senhor dos Anéis),
Computador temperamental? (Hal – Filme 2001)
Parecido com o computador de Tony Stark em “Homem de Ferro”?
O telespectador poderá ver, sob a ótica de Frank, aquilo que acontece ao seu redor. E não será difícil saber quando o que está sendo mostrado é o ponto de vista do temperamental computador. As imagens têm um tratamento especial, modificadas por uma lente grande angular chamada ‘olho de peixe’. As cenas ficam distorcidas, com dimensões desproporcionais e bem diferentes do normal.
Em entrevista com o dramaturgo Bosco Brasil, que nasceu em Sorocaba e começou sua vida profissional em São Paulo, onde a novela é ambientada, ele fala sobre sua inspiração para a novela e sua ligação com a tecnologia.
Bosco Brasil viveu seus dias como office-boy antes de começar a escrever para o teatro e para a TV. São mais de 30 peças de sua autoria e sete novelas que tiveram sua colaboração, como ‘Anjo Mau’, ‘Torre de Babel’ e ‘Coração de Estudante’. Na Rede Globo, é a primeira vez que assina uma obra, sob a supervisão de Aguinaldo Silva.
Qual foi a principal motivação para escrever Tempos Modernos?
Bosco Brasil: Há uns três anos, essa história vem tomando forma. Primeiro, pensei na nossa interação com a tecnologia, que rende situações bem engraçadas. Às vezes parece que essa tecnologia ganha vida própria, só para debochar da nossa cara. Outra questão que me incomoda muito é essa moda de vender uma ilusão chamada segurança com risco zero, coisa que definitivamente não existe. Hoje pagamos para ser vigiados. Foi desta forma que cheguei ao universo dos edifícios inteligentes. Depois, faltava apenas achar um lugar onde encaixar isso tudo. Escolhi a região pela qual que tenho mais carinho, o centro antigo de São Paulo, lugar que conheço bastante e que tem uma riqueza humana incrível.
Quem é o Frank?
Bosco Brasil: É um computador temperamental, amalucado, que conta piadas e meias verdades. Ele quer “ganhar” da humanidade. É uma grande brincadeira da novela. O Frank é o comentarista da cena e o público vai poder se enxergar nele. É o ponto de vista do telespectador, quase um jogo metalinguístico, permitindo que o público entenda as razões concretas dos personagens. O Frank é um convite ao telespectador para interagir e interferir nas histórias.
Para quem não sabe, a voz de Frank é do Márcio Seixas, o dublador do Capitão Spock (Jornada nas Estrelas), do Senhor Incrível, do Prezunic e até de Sean Connery.
Você é fã de tecnologia ou é daqueles que perde feio na disputa com aparelhos eletrônicos?
Bosco Brasil: Fico completamente enrolado com essas coisas, a verdade é essa! Sou o oposto do meu irmão mais velho, um homem totalmente tecnológico. Eu sempre tive dificuldades em ler manuais e descobri que não sou o único. É claro que a tecnologia veio para nos ajudar. Mas a realidade é que ela cria uma série de necessidades novas, com as quais não estávamos habituados.
Então, não percam, dia 11, Tempos Modernos! 🙂
Abraços,
Claudia Sardinha
Para mim, o melhor da novela será a voz do Frank, emprestada pelo ator e dublador Márcio Seixas.
Eu me divirto com suas falas no comercial do Prezunic.
E nos programas do Canal Futura, como a trajetória de Debret no Brasil.
Acredito que a novela promete cenas deliciosamente engraçadas.
No aguardo.