Por que a nostalgia da TV dos anos 90 está crescendo na década de 2020

Durante a última década, os termos “reboot”, “revival” e “remake” foram usados ​​abundantemente à medida que programas populares do passado retornam em várias encarnações para reacender o interesse dos fãs mais velhos e (com sorte) encantar uma geração inteiramente de nova de audiência. Uma década em particular, porém, tornou-se alimento para um fluxo aparentemente interminável de conceitos revividos: os anos 1990.

De Saved by the Bell a Punky Brewster e até mesmo a série Girls5eva, produzida por Tina Fey de Peacock, que parodia um amálgama de todos os grupos femininos e boy band daquela década, é evidente que a tendência de revival da TV está começando a se inclinar para um determinado período de tempo.

Já se passaram mais de 30 anos desde 1990, o início de uma década em que as roupas eram largas, os macacões estavam no auge da moda e a tendência grunge foi justaposta pela ascensão brilhante e alegre de boy bands e girl groupse os adoráveis Tamagotchi (animais virtuais de estimação). Foi uma década repleta de séries de TV inovadoras como Roseanne, Seinfeld, Freaks and Geeks e Friends. Mas por que a TV dos anos 90 está tão popular novamente?

Recentemente fizemos uma live sobre essa nova tendência e mostramos as séries de TV que entram nessas categorias.

Mais que nostalgia

Com três décadas separando o ambiente de entretenimento moderno da dieta diária da TV da Geração X, grande parte do público da cultura pop dos anos 90 está agora em seus 30 ou 40 anos. Muitos daqueles Gen-Xers estão criando seus próprios filhos – crianças que atualmente têm mais ou menos a mesma idade de seus pais quando viram o primeiro beijo de Zack Morris e Kelly Kapowski, aprenderam a “girar” com Ross ou colocar pontas loiras em seus cabelos para se parecer com Justin Timberlake da era NSYNC.

Faz sentido que eles queiram apresentar a seus filhos séries como as que assistiam quando tinham a mesma idade. Afinal de contas, há uma sensação de segurança no que é familiar e, sem assistir a reprises em distribuição ou streaming, um renascimento dessas séries – filtrado por lentes modernas – apresenta o veículo perfeito não apenas para a nostalgia, mas para aprender as lições de vida que esses programas ensinaram aos fãs adolescentes e pré-adolescentes.

Reciclar o passado não é um caminho infalível para o sucesso, no entanto, e nem todos os conceitos conseguem pegar um raio em uma garrafa uma segunda vez.

Os revivals precisam encontrar o meio termo entre a nostalgia e a existência no ambiente social em que vivemos agora. As séries de sucesso – tanto em sua execução original quanto em seus revivals modernos – apresentam um elenco e histórias que falam dos tempos atuais. Saved by the Bell (Galera do Barulho), por exemplo, consegue isso lindamente (e já foi renovado para uma segunda temporada por causa desse sucesso). A série oferece um fluxo constante de referências de retrocesso e personagens recorrentes que os fãs do programa original apreciam, ao mesmo tempo que apresenta um elenco e histórias com diversidade étnica e LGBTQ + inclusivas que refletem o ambiente cultural atual. Também oferece o mesmo nível de humor cafona que tornou a série original tão popular. Nessa mesma linha, Cobra Kai é outro grande exemplo. Essa série é um revival de um filme, mas ainda assim conseguiu unir nostalgia e discussões da atualidade perfeitamente.

Muito do mesmo pode ser dito sobre WandaVision, a própria “série nostálgica” da Marvel que homenageia programas de todas as décadas, desde o surgimento da televisão, incluindo os anos 90. A série não apenas apresenta uma longa lista de heróis e vilões da Marvel, mas sua história também tece várias décadas de programas de televisão e a maneira como eles moldaram a cultura e a sociedade ao seu redor no conceito abrangente de Universo Cinematográfico da Marvel. Esse tipo de sinergia torna a série um terreno comum para fãs do antigo e do novo na TV.

 

Porém, nem todo revival ou remake foi um sucesso

O icônico sitcom adolescente Beverly Hills 90210, sinônimo de televisão dos anos 90, teve um remake no final dos anos 2000, chamado 90210. Teve cinco temporadas na rede CW, mas quando o elenco do programa original se reuniu para um drama de meta-comédia que os fez interpretar versões fictícias de si mesmos desenvolvendo um show de reunião, não deu certo. O elenco dessa série, divertidamente intitulada BH90210, enfatizou os estereótipos sobre eles e seus personagens para efeito cômico, mas acabou decepcionando os telespectadores.

Isso também pode ser verdade para Will & Grace, uma série sobre um homem gay e sua melhor amiga morando juntos na cidade, que foi elogiada por trazer questões LGBTQ + para o público da TV por 11 temporadas, começando em 1998. Enquanto a premissa do show não é tão chocante hoje quanto era nos anos 90, seus criadores esperavam mais com o revival de 2017. E embora o tenha tido algum sucesso, durando três temporadas, ele acabou enfrentando críticas por não desafiar os estereótipos LGBTQ + típicos e também críticas reavivadas sobre o elenco original de um ator masculino cisgênero heterossexual, Eric McCormack, como um homem gay no papel principal.

 

E não parece que vai parar

Seja qual for o motivo ou a fórmula de vitória para os revivals e reboots dos anos 90, é claro que não há fim à vista para essa mineração daquela era culturalmente importante da televisão. Reboots e revivals de programas como Fresh Prince of Bel-Air, Beavis and Butthead e Frasier já foram anunciados, e outros muitos que citamos no vídeo acima.

Nem todo reboot ou revival inspirado nos anos 90, revival chega ao sucesso, mas aqueles que o fazem encontram um novo público e despertam nostalgia enquanto prestam homenagem à transição da sociedade para a televisão do século 21. Se durarem uma única temporada ou construírem uma base de fãs totalmente nova com uma série de várias temporadas, cada série é importante em sua própria maneira pelo que diz sobre onde estivemos e onde estamos agora – e isso é algo que vale a pena celebrar.

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