Otávio: o novo solteirão do Orkut
Depois de um sólido casamento que durou 15 anos, Otávio sentia-se na flor da idade, às vésperas de completar 45 primaveras.
Recusava o tratamento de “senhor”, era contraditório a sua disposição para recomeçar a vida amorosa.
Especialmente depois que conheceu o mundo encantado do Orkut.
Ali, seu harém o tratava como um sheik. E sua idade não pesava para novas conquistas.
Toda noite trocava tórridos “depoimentos” cercados de cumplicidade e uma pseudo-privacidade que o mantinha protegido dos curiosos.
Cada vez mais galanteador, em seu perfil multiplicavam-se pedidos de mulheres desejando integrar seu séquito cibernético.
Loiras, morenas, algumas transbordavam sensualidade. Todas eram lindas, pois as melhores fotos vão para o Orkut.
Chegava a questionar a sobrevivência das prostitutas em tempos de internet. Por que alguém ainda pagaria por algo fácil e gratuitamente conquistado via redes sociais?
Mensagens estilo emocional-brega chegavam em forma de “scraps”. Algumas falavam de Jesus. Outras brilhavam e piscavam, eram portadoras de um singelo “Amo Você” ou “Lembrei de você hoje”.
Serviam de chacota entre os colegas de trabalho, que xeretavam seu perfil diariamente. Mas garantiam companhia em jantares animados, que podiam ter como cenário a famosa rede de fast food ou um requintado restaurante. Tudo dependia da faixa etária da convidada.
Para alavancar ainda mais seu ibope virtual precisava dominar as novidades daquela rede. Sob a orientação de amigos experientes, foi estimulado a desenvolver um papo mais jovial:
– Cara, pergunta como vai a “colheita feliz” dela.
Mesmo desconhecendo o assunto, tascou a pergunta num “scrap”. E dali se desenvolveu um longo papo madrugada afora.
Erros gramaticais escapavam vez por outra. Encontrou gente solitária e boa gente.
Mas o que ele queria mesmo era farra.
Inspirado escrevia cartas apaixonadas e poemas tórridos de amor e sexo.
Tudo virava papel picado ao amanhecer. Não podia correr o risco de envolvimento sério.
Entusiasmado migrou rumo outras ferramentas de socialização.
Arriscou sua pele conversando simultaneamente, com seis mulheres, pelo MSN.
Começou a embolar a conversa. Enviar mensagem destinada de uma para a outra.
E mulher, mesmo em momento de aventura não deixa barato esse tipo de “equívoco”. Parte para a aporrinhação.
Diante do fato, restava desconectar.
Hora de bloquear pessoas e evitar contratempos.
Depois, voltava.
Estava feliz com sua nova vida de solteiro.
Sexo furtivo e ocasional, com cama de casal inteirinha só pra ele.
O texto acima foi escrito pela jornalista Hilda Armstrong.
Ela tem uma visão bem particular sobre redes sociais, internet e celulares.
Pontos de vista curiosos e desafiadores, no entendimento de uma consultora de tecnologia como eu. he,he.
Quem quiser ler outros pitacos dessa garota, sugiro acompanhar seu blog, o Entre Panelas.
Recomendo os posts “Vou me mudar ” e o “cartas 1 x tecnologia 0”
Abraços,
Claudia Sardinha
Quem Escreve
Hilda, né? Escritora de futuro! Kkkk…
Bjs!