Blog Action Day 2014: desigualdade digital
Se pararmos para pensar que 54% dos domicílios brasileiros não têm computador, é natural dizer que existe uma desigualdade digital nesse país, certo? Essa foi uma pesquisa feita pelo SIPS (Sistema de Indicadores de Percepção Social), do IPEA, em 3.810 domicílios do país.
E isso é de deixar qualquer um indignado quando, por exemplo, os Correios entram em greve e o governo determina que as contas não serão perdoadas de multa, pois a pessoa pode pegar uma 2ª via pela Internet. Então, diga-me, se mais da metade da população não tem computador, possivelmente nem acesso tem… logo, não sabe usá-lo… como exigir que essas pessoas “se virem”?
Sim… crescemos muito e já estamos em 5º lugar entre os países com o maior número de conexões à Internet, mas a inclusão digital ainda não é realidade. Progredimos, mas ainda temos valores muito altos para que todos possam ter o que há de mais moderno em tecnologia.
E estou somente falando de computadores. Levantando a questão das Internets móveis, a coisa fica ainda pior! Temos uma tecnologia 3G que mal funciona e um 4G que você com a mesma frequência que uma nota de cem reais, ou seja, quase nunca (rs). Essas redes são tão instáveis e sempre dependem de “estar no lugar certo” para pegar bem. É um custo benefício altíssimo que poucos podem usufruir. E os que usufruem, sabem que pagam muito por um serviço porcaria.
Apesar de haver um crescimento no acesso a computadores e à Internet, fatores como localização geográfica, renda e idade, ainda são barreiras que impedem a inclusão digital. Segundo pesquisa doCETIC.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) feita em 26/06/2014, 98% dos domicílios da classe A possuem Internet, 80% na classe B, 39% na classe C e 8% juntando classes D e E. Já nas áreas urbanas é um total de 48% da população contra 15% da área rural.
Então, num dia como o de hoje, quando a desigualdade é debatida como tema pelo Blog Action Day, penso justamente em toda essa tendência de crescimento e me questiono se ela não acabará criando um abismo ainda maior entre quem tem e quem não tem acesso.
Aqui em Salvador essa desigualdade diminuiu um pouco. Vejo que há uma série de empresas vocacionadas pra tentar melhorar essa realidade!